



PACIFICAÇÕES
Por Isaac Carreiro Filho
Segundo o Aurélio, “pacificação é o ato ou efeito de pacificar. Pacificar é restituir a paz a; apaziguar; serenar, tranquilizar, acalmar, abrandar.” (FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio de língua portuguesa. 4.ed. – Curitiba: Ed. Positivo: 2009).
A Bíblia Sagrada diz que “Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5.9).
Segundo comentário da Bíblia NVI (Nova Versão Internacional), “pacificadores. Aqueles que promovem a paz, no que depende deles (Romanos 12.18). Ao agirem assim refletem o caráter do Pai celeste e serão chamados filhos de Deus.”
Acredito que ninguém já nasce pacificador. O pacificador passa por um processo de pacificação, manifestando-se nas ocasiões que ocorram algum problema nesta área.
Há pessoas de todas as posições que se acham o cara, algumas se comparando ao próprio Deus e a Jesus Cristo. “Falam o meu nome em vão... Acho que as pessoas deveriam ler mais a Bíblia, pois falam o meu nome em vão”.
Isto é muito perigoso, haja vista que o próprio Satanás, anjo de luz, e seus anjos foram banidos do céu para sempre. Contam as Escrituras que Satanás um dia quis ser mais do que Deus, desobedecendo e furando a hierarquia celestial. Nabucodonosor, Hitler e tantos outros líderes tiveram os seus revezes. Cuidado com estas pessoas que, na realidade, não passam de manipuladoras, caluniadoras e mentirosas.
Coitado do mentiroso
Mente uma vez mente sempre
Mesmo que fale a verdade
Todos lhe dizem que mente. (Folclore português).
Pacificador não vive achando que ninguém presta, não vive arranjando contendas com quem não concorda com suas ideias e ações. Não vive jogando pobre contra rico, trabalhador contra patrão, norte contra sul, negro contra branco e por aí vai. Não vive se achando a pessoa mais ética do país. Não vive atribuindo os seus erros aos outros, até já falecidos.
O pacificador procura, antes de tudo, chegar a uma posição intermediária que possa solucionar determinado conflito, sendo capaz de, mesmo perdendo algumas posições, achar uma solução que contemple razoavelmente ambos os lados, não se achando o único dono da verdade. Muitas vezes age como se fosse um hábil negociador sem a pretensão de sê-lo.
Na minha vida sempre procurei ser um pacificador, seja evitando me envolver em confusão seja procurando me defender e defender os meus amigos e as pessoas sob a minha responsabilidade da melhor maneira possível.
Se uma causa parece complicada vamos procurar saber os prós e os contras e chegar a uma solução plausível. Por melhor caminho que trilhe sempre haverá opiniões contrárias, sempre haverá divergências. Para se chegar a uma convergência é preciso muito trabalho, muita queima de fosfato. Deve-se tomar cuidado porque “Vencer uma discussão não significa ter convencido o oponente.” (Provérbio chinês).
Mesmo na carreira militar tive a oportunidade de evitar brigas entre irmãos da caserna, superiores e superiores, superiores e subordinados, subordinados e subordinados. Tive a oportunidade de arbitrar conflitos desportivos, conflitos pessoais e com o meio civil. Seja em olimpíadas, seja no dia a dia da caserna, seja na Auditoria Militar, atuei diversas vezes na arbitragem e julgamento de conflitos, usando não só os regulamentos como também o bom senso para evitar a injustiça.
Atuei, como militar da ativa, na pacificação de luta de posseiros e grileiros, de posseiros versos militar do Exército, na manutenção do patrimônio público e da ordem para evitar a ação de vândalos, na audição de mal feitores. Geralmente, os ditos movimentos sociais são uma grande farsa para brigar impunemente terroristas da pior espécie.
Do jeito perigoso que o mundo anda, com ameaças cada vez maiores para o relacionamento do homem com Deus, consigo mesmo, com os seus semelhantes e com o meio ambiente, sugiro que a raça humana persevere numa cultura de paz, pois só ela constrói. A cultura do ódio só destrói e causa ressentimentos e feridas quase incuráveis.
No entanto, a nível das nacionalidades, vale o provérbio latino “Si vis pacem, para bellum”, que pode ser traduzido como: "se quer paz, prepare-se para a guerra", geralmente interpretado como paz através da força. Uma sociedade é forte quando é menos apta a ser atacada pelos inimigos. Este provérbio é atribuído a Publius Flavius Vegetius Renatus. A nação moderna não pode negligenciar a sua defesa, ficar enfraquecida, sob pena de se expor desnecessariamente à ameaça de outra ou de outras, haja vista exemplos históricos do passado.
A própria Canção do Exército Brasileiro adverte que:
A paz queremos com fervor,
A guerra só nos causa dor.
Porém, se a Pátria amada
For um dia ultrajada
Lutaremos sem temor.
Para que o Exército cumpra a sua missão a contento deve estar sempre voltado para o preparo técnico-profissional, buscando a melhor tecnologia disponível e possível, procurando diuturnamente estar a par tanto do cenário interno quanto externo e evitar se contaminar com a política partidária.
A seguir, falaremos sobre Caxias, Luís Alves de Lima e Silva, Patrono do Exército Brasileiro, flor de estadista e soldado, herói militar do Brasil. Sua figura histórica personifica todos os valores e ideais do soldado brasileiro. Participou durante sua brilhante carreira de inúmeras lutas tais como: Guerra da Independência, Campanha da Cisplatina, Balaiada, Revolução Farroupilha, Campanha contra os ditadores Oribe e Rosas e Guerra do Paraguai. Quer pacificando províncias do Império quer pelejando contra estrangeiros, seu legado de dedicação e amor à Pátria sempre servirão de exemplo aos valorosos soldados brasileiros.
Caxias, soldado e pacificador, intolerante com a desordem, rigoroso com a rebeldia, conciliador nas negociações, humano em perdoar, artífice da integridade do território nacional. Quando o consenso não foi possível, mostrou-se decisivo e persistente no cumprimento da sua nobre missão, sem empregar força desnecessária ou desproporcional, evitando humilhar ou produzir sentimentos de vingança nos vencidos, vistos como patriotas e não como inimigos.
A pacificação pode ser ilustrada quando se procura defender a reputação das pessoas. Certa feita, um soldado da minha subunidade, que fazia CFC (Curso de Formação de Cabos) estava de folga num baile, quando decidiu sozinho defender uma moça conhecida dele que estava sendo molestada.
Na saída, acabou sendo cercado por uma turma, sendo que um dos agressores atirou no militar, que veio a falecer, e colocou maconha nos bolsos do mesmo para incriminá-lo. Quando a polícia chegou, verificou o entorpecente nos bolsos do rapaz. Resumindo, fomos até às últimas consequências para defender a reputação do soldado, tendo um dos maus elementos confessado o crime.
Esta foi a única vez, em toda a minha carreira, em que tive o infortúnio de comunicar a morte de um militar antes do tempo, que tinha tudo para dar certo. Mas, a situação criada levou-o à morte prematura. Lembre-se: “Aparta-te do mal, e faze o bem; procura a paz e segue-a.” (Salmos 34:14).