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ENSINO MILITAR E OS CAPITÃES NO BRASIL CONTEMPORÂNEO

 

De Formião, filósofo elegante,
Vereis como Aníbal escarnecia,
Quando das artes bélicas, diante
Dele, com larga voz tratava e lia.
A disciplina militar prestante
Não se aprende, Senhor, na fantasia,
Sonhando, imaginando ou estudando,
Senão vendo, tratando e pelejando.

(Os Lusíadas, Canto X, Luís de Camões)                                                 Por Isaac Carreiro Filho

 

Sobre a insistência de parte da mídia de que os militares, especialmente o presidenciável capitão Bolsonaro, não entendem de economia e de administração (Marco Antônio Villa, historiador e sociólogo), trago à baila o presente tema para os devidos pingos nos is (acesse o programa “Os pingos nos is”, da Jovem Pan, disponível em jp.com.br/pingos, ao vivo, ou jp.com.br /pingadas).

Teço alguns comentários, seguindo minha experiência de trinta anos na caserna, depois de passar por quatro regiões militares (Comando Militar do Leste, Comando Militar do Sudeste, Comando Militar do Sul, Comando Militar da Amazônia), oito quartéis, três escolas de formação e uma de aperfeiçoamento, realizado vários estágios e especializações tanto dentro quanto fora da Força, visando contribuir com um juízo de valor do querido leitor.

Como preâmbulo, há que se considerar que os Colégios Militares têm sido referência no ensino no país, participando do “Soletrando” do programa do Luciano Huck, da TV Globo, de Olimpíadas de Matemática e de outros eventos na área do ensino. Mantenha-se informado sobre o Exército Brasileiro, consultando o site www.eb.mil.br.

O ingresso na escola Preparatória de Cadetes do Exército, Campinas, São Paulo, se dá mediante concurso público em todo o país, tanto para civis quanto para militares, obedecendo ao que prescrevem as Instruções Gerais para Admissão e Matrícula. Os alunos são oriundos das mais diferentes regiões brasileiras e classes sociais, sem distinção e com igualdade de oportunidades.

Na Escola Preparatória foram ministradas disciplinas como: Instrução Militar, Português, Inglês, Matemática, Desenho, Física, Química, História e Geografia Geral e do Brasil, Educação Moral e Cívica, Biologia, Estudos Sociais, Educação Física, Informática. Portanto, muito além das antigas lições, do cantor Vandré.

Na Academia Militar das Agulhas Negras, Rezende, Rio de Janeiro: Geometria Descritiva, Português, Física, Matemática, Inglês, Instrução Militar (Grupamentos), Mecânica, Estatística, Redação e Estilística, Inglês, Química, Informática, Topografia, Direito (incluindo Direito Administrativo, Direito Civil, Direito Público e Privado e outros ramos), Geografia Geral e do Brasil, História Geral e do Brasil, História Militar, Psicologia, Economia e Finanças.

Em agosto do 1º ano tem ocorrido a concorrida solenidade de formatura da entrega de espadim aos novos alunos, em que prestam um juramento antes de receber a réplica do sabre de Caxias, patrono do Exército Brasileiro. Há uma festa e um baile comemorativos, onde participam as madrinhas, padrinhos, parentes e convidados.

No final do 4º ano ocorre a entrega de espadas na declaração de aspirantes a oficial, igualmente solene, festiva e com concorrido baile à noite. Antecedendo à entrega da espada acontece, no mesmo dia, a devolução da réplica do sabre de Caxias.

Antes mesmo de ser capitão, passando pelo aspirantado, o oficial assume funções que vão desde a prestação de serviço de Oficial de Dia no quartel, a ministração da instrução, nos seus mais variados aspectos, comuns e específicos, além de receber missões a serem cumpridas, participação ativa na justiça e disciplina, Conselho de Justiça, participação como juiz leigo na Auditoria Militar e outras. Muitas vezes acumula funções, temporariamente ou não.

O oficial recebe uma Carta Patente, uma espécie de diploma, que é apostilada em cada promoção que recebe, seja por antiguidade, seja por merecimento.  Anualmente realiza pelo menos três Testes de Avaliação Física (TAF), Teste de Aptidão para o Tiro (TAT) e inspeção de saúde, onde pode ser considerado apto ou não para o serviço do Exército.

Dependendo das necessidades da Força, o oficial pode realizar estágios e cursos, alguns obrigatórios para o prosseguimento na profissão, oferecidos ao longo da carreira, desde que preencha os requisitos exigidos. Pode estudar também em instituições públicas ou privadas.

Também deve estar ciente da possiblidade de ser transferido para qualquer parte do território nacional, normalmente por necessidade do serviço ou mediante pedido. O Exército, como instituição nacional permanente, preocupa-se essencialmente com o preparo técnico-profissional de seus integrantes, sem se envolver diretamente com questões político-partidárias conjunturais.

Os militares estão constantemente submetidos às leis e regulamentos militares (Regulamento Disciplinar do Exército, Estatuto dos Militares e outros), podendo ser punidos ou elogiados ao longo da carreira.

O capitão é essencialmente o líder da subunidade (Companhia, Bateria ou Esquadrão), estando submetido hierarquicamente ao comandante da Unidade e tecnicamente trabalhando em harmonia com o Estado-Maior, que presta assessoria ao comandante.

Desde cedo o oficial aprende a administrar seu pessoal, material e finanças sob a sua responsabilidade e quando chega ao posto de capitão já reúne experiência suficiente para dar prosseguimento às atividades sob sua responsabilidade. Alguns são deslocados para compor o staff da unidade, mediante convite do comandante e/ou subcomandante.

Depois de dez anos como oficial, o capitão pode ingressar, mediante um curso preparatório e monografia, na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, Rio de Janeiro, RJ, nível Mestrado. O curso dura nove meses e o oficial tem convívio com os demais capitães, inclusive de outras armas, outras forças e convidados de países amigos.

Além do aperfeiçoamento da liderança, prioriza-se o trabalho em conjunto de Estado-Maior, de assessoria ao comandante, com exercícios em alguns lugares do país. Ao final, recebe um conceito sobre a aptidão intelectual, aptidão para a chefia, aptidão para o trabalho em grupo, devotamento, espírito militar, resistência física, capacidade para instrutor, condições para as funções de Comandante, Chefe ou Diretor e membro de Estado-Maior.

Quando falam que um capitão não tem condições de governar ou mesmo não entende de Economia e de Administração, falam sem conhecimento de causa por não conhecerem as nossas escolas, não conviverem com os nossos competentes oficiais e praças, com os quartéis e não terem a mínima experiência de vivência nacional.

Pelas mãos dos oficiais, que os formam e aperfeiçoam, passam milhares de cabos e soldados, centenas de subtenentes e sargentos e dezenas de outros oficiais, temporários ou de carreira. “Uma vez soldado sempre soldado” (Exército Brasileiro).

Neste ano, estão previstas eleições em todo o país, sendo que existe cerca de uma centena de candidatos militares patriotas, que poderão ser eleitos pelo povo.

Chegou o momento de o mesmo povo que elege o Exército como a instituição de maior credibilidade nacional, ombreando com a igreja, de retribuir, tendo a opção de escolher representantes de origem militar que têm demonstrado, ao longo da carreira, a requerida devoção às coisas da nossa pátria, sacrificando muitas vezes seus momentos de lazer junto aos seus queridos familiares para bem cumprirem a sua missão e capazes de sacrificarem até mesmo a própria vida, quer seja no país quer seja no exterior, vendo, tratando e pelejando por um Brasil melhor.  

Mesmo na reserva, tenho participado de várias manifestações pacíficas nas ruas, notadamente contra a corrupção. Não tenho bandido de estimação: a justiça deve ser para todos. Temos o dever de lutar para que a nossa bandeira jamais seja vermelha.

Chega de perder tempo com bizantinismos (fofocas, mimimi). Com o que aí está, vide o Foro de São Paulo e partidos políticos que o apoiam, peço a devida vênia para fazer a clássica pergunta para os malfeitores e prováveis traidores da pátria: “Até quando abusarás da nossa paciência?” (Catilinárias, Marco Túlio Cícero).    

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